HOME SOBRE CONTATO

Desocupando espaços ou respeitando momentos?

 

 "Caso não saibam é disso que é feita a vida: momentos. Não perca-os agora!"

Aquela sensação de vazio quando o colégio acabou, aquelas cartas e aquele bando de adolescentes chorando. Aquela emoção do primeiro dia na faculdade com a cara toda pintada de caloura no viaduto. A emoção do primeiro amor cuidadosamente apresentado aos pais. A pisada de pé no seu padrinho no dia da colação de grau ao entregar a flor para o seu pai (e não para sua mãe como todo mundo fez). A sensação mágica de beber tequila e jogar tudo pra fora no mesmo instante no dia da formatura dançando uma valsa desajeitada com o namorado da época. O primeiro adeus dele quando um foi para o Chile e eu para o Canadá. O mistério de sair da super proteção dos pais direto para um país muito distante e morar sozinha, dormir no metrô no domingo esperando ele abrir, não ter dinheiro para pagar o táxi, ser perseguida por maconheiros canadenses na madrugada. A primeira decisão difícil na área profissional. A mais nova a passar em um teste de proficiência no mestrado. O primeiro choro dolorido pelo término do terceiro namoro. O primeiro pedido de casamento na pedra da Ilha.

O sentimento surrealmente devastador de ter perdido o primeiro "pra sempre" de muitos que ainda iriam rolar. O primeiro toque em uma criança que despertei o sentimento de um dia ser mãe. As peneiras de amizades, de relacionamentos, de sentimentos. E a parte da música "eu hoje joguei tanta coisa fora, eu vi o meu passado passar por mim, cartas e fotografias gente que foi embora... A casa fica bem melhor assim". Foi quase isso, foi tudo isso. Um imenso misto delicioso de felicidade e nostalgia, aquele que um dia todo mundo sabe viver. Aprendi que as coisas só se tornam lindas quando temos amor suficiente para deixá-las ir. Todos os momentos e todas essas pessoas que passaram, registraram as Minhas fases, registraram as minhas memórias, fizeram as minhas lágrimas e os meus melhores sorrisos. Não culpo as pessoas e nem os momentos por não terem sido eternos, no fundo, NADA é eterno. A diferença é que algumas pessoas acabam permanecendo e eu agradeço tanto por elas ainda estarem, por saber que nas letras garranchadas de amigos e amigas de infância que eu reli hoje eu ainda descubro rostos e ainda sinto os seus abraços tão quentes me aquecendo nos dias de hoje. Mas acho que as memórias também aquecem sabe? Eu não desperdiço as memórias de momentos épicos com caras que já sai, com amigas que nunca mais ouvi falar.

Quem pode depreciar o valor de um momento? Quem pode depreciar a qualidade de um segundo? Aquele bilhete na mesa do bar. Aquela rodada de chopp paga pelo cara da mesa do lado. Aquele cumprimento de cabeça tão compreensível quando alguém te pega chorando escondida em um lugar desconhecido. Aquele reconhecimento de insanidade quando alguém pega no seu ombro e diz tudo mesmo sem dizer nada. Quem pode dizer que um minuto não vira memória? Tudo vira memória. Tudo vira história. E quem pode dizer que esse minuto não teve valor? Não sei precisar que momento teve mais valor. TODOS. Todos me fizeram a melhor e a pior. Todos me fizeram ser quem eu sou. Eu não eliminaria e nem acrescentaria nenhum momento e nenhuma pessoa. Por causa de gente que me puxou a cadeira no ginásio, de quem me fez perder a vergonha fazendo teatro, de quem me ensinou como se faz para sentir ciúmes, a viajar, a me apaixonar no meio da neve, a sorrir, por quem me fez chorar de raiva, de inveja, de mágoa. Por quem me fez a mulher mais feliz do mundo em um dia, ou em todos ou em nenhum. Por todas essas pessoas e por todos os testes de sobrevivência que já passei. Eu posso dizer que sei exatamente como é que Deus me ensina a amar a vida: Ele me ensina a amar a vida através de vocês. Gente que construiu tudo o que eu sou hoje. 

Cada pedaço de história. Cada pedaço de mim. Eu não poderia viver sem esses pedaços. E independente do milésimo de segundo, meu quebra cabeça faz sentido agora.

7 comentários:

  1. Que texto liiiiiindo! De verdade, parabéns, ficou maravilhoso, sua escrita é leve e quando fui ver já estava chegando ao final, super envolvida. A vida é exatamente isso... cheia de momentos que vão ficar marcados na nossa mente pela eternidade, e não podemos ficar tristes por terem passado, e sim felizes por terem acontecido um dia :')

    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br/
    Tem resenha nova no blog de "GATACA", vem conferir!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada pelo fôlego da leitura e de quebra ainda gostar! Passando no seu ansiosa! Beijo Carol!

      Excluir
  2. Oi Michelle, tudo bem contigo ???
    Flor antes de mais nada eu quero aproveitar a oportunidade e te dar os parabéns, não apenas por esse, mas pelo outro texto que a Bárbara postou aqui no blog. Você é muito talentosa, seus textos são cheios de significado, sentimentos, sensações, me identifiquei com os dois, e não consegui parar de ler até chegar a última palavra, até o ponto final !!!
    Espero ver mais textos seus por aqui !!!

    Beijinhos
    Hear the Bells

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tudo bem e você?
      Eu fico imensamente feliz em poder atingir as pessoas que lêem o que eu escrevo com o sentimento (que de fato existe!) de quando estou escrevendo! E é justamente por causa de pessoas (anjos) como você que eu continuo! :)

      Um beijo!!!

      Excluir
  3. Nossa Mi, me arrepiei inteira lendo seu texto.
    Sensacional!
    Como tudo o que você escreve aliás...

    Me vi inteiramente nesse texto... quantas vezes me peguei lendo cartas passadas? vendo fotos da nossa época de escola, e por mais que não falamos mais com todo mundo, como a gente sempre disse que faria... é bom saber que cada um teve seu significado, teve a sua parte em nosso crescimento...

    Obrigada mais uma vez... =)

    Beijos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Exatamente Babi! E o mais importante de tudo isso é que você esteve nesse passado e continua nesse presente! Então (publicamente) meu MUITO obrigada por ter sido, por ser tão espetacularmente IMPORTANTE!

      Excluir
  4. Chorei! É daí? Sou manteiga derretida mesmo. Daquelas com os sentimentos sempre à flor da pele e, apesar do texto não ser tão grande, quando cheguei no final já estava com o coração transbordando de emoção e a face molhada. Simplesmente amei!

    ResponderExcluir

Comentários são sempre bem vindos, desde que tenham algo a dizer.
Se quiser comentar simplesmente por obrigação pra eu entrar em seu blog e comentar também...saiba que não perderei meu tempo!!
Deixe seu link para que eu possa retribuir a visita!

Obrigada por comentar! (:

© Café com Livros - Todos os direitos reservados
Desenvolvimento por: Colorindo Design - Tecnologia do Blogger.